domingo, 21 de março de 2010

Segunda Audição

Depois de mais uma semana, a assitente de direção Renata Abbud, entrou em contato marcando uma nova fase da Audição. Cantar uma música. Quando ela disse isso, gelei, porque desde o começo eu falei que não sabia cantar, mas que poderia fazer um coro ventríluco maravilhoso, rs, e umas palhaçadas! Que adoro!
Segundo a Renata o importante era ver a voz de cada um. Fazer um registro com o Maestro. Desliguei o telefone e comecei a pensar qual seria a melhor música para cantar. Cantar não, interpretar, mais fácil já que sou atriz!
Bixiga, samba, Sampa, boemia... Adoniran Barboza! Isso mesmo vou cantar Adoniran, melhor, vou cantar Tiro ao álvaro!! Liguei para um amigo, Jobim, professor de violão e o que você precisar. Expliquei a situação e marquei o dia seguinte para ensaiarmos a música. No horário marcado estava com o dedo na campainha, ele me fez um cafezinho delicioso e subimos para o estúdio no segundo andar da casa com direito até a uma super varanda.
Cantei a música, só para ele sentir o tamanho da encrenca, a testa dele franziu!
Abriu o computador, e começou a fazer a música, me explicou que tínhamos que começar devagar e depois ir aumentando o ritmo. Fiquei meio frustrada, porque segundo a versão da Elis, a que eu estava ensaiando (rs) era um ritmo muito mais acelerado. Mas com paciência e muita didática, Jobim foi me levando lentamente até eu entrar no ritmo e conseguir dialogar com o instrumental, com a melodia, foi uma experiência  inesquecível e descobri que é mais um instrumento que quero desenvolver, a expressão dos sentimentos pela fala, pela respiração e pausas..!
Passamos a manhã e ficamos até o início da tarde, trabalhando e sentindo a música, sai bem segura de que podemos fazer qualquer coisa, que estivermos totalmente dispostos a fazer!
Fui para casa a pé, faz parte dos meus exercícios diário, cheguei em casa meio exaurida, almocei e cai na cama, com o despertador programado para tocar depois de quarenta minutos. Achei ideal repor minhas energias. Acordei, entrei no banho, vesti um vestido floral, azul, com uma camélia no decote, sandália com o pé no chão e coloquei o play back para ensaiar antes de sair. Para o meu desespero, eu não conseguia achar a entrada da música.
Liguei para o meu namorado atrás de auxílio, querendo desistir mesmo, nunca cantei na minha vida, porque vou querer nessa altura da vida??
Ele riu, e me mandou ensaiar mais.
Liguei para o Jobim, ele pediu que eu colocasse o cd e "com ele na minha mão" milagrosamente entrei no momento exato!
Percebi que estava nervosa! Respirei fundo e tive a certeza que queria muito passar por isso, até por uma experiência de amadurecimento como atriz. Imagina uma banca com esse peso, o Maestro que assisto todo mês na Jazz Sinfônica, que choro com suas peças e que dou risadas de suas piadinhas as vezes sem graça, a "La Chico Buarque".
Fui para o Teatro, cheguei em primeiro, logo cedi meu lugar na ordem de chegada, para a que estava em quinto lugar mas no dia do rodízio. Não adianta enrolar, chegou a minha vez, e com as mãos molhadas cumprimentei a banca e subi no palco. Naquela hora passou o meu nervoso e só lembrava do Jobim dizendo, não franze a testa, cante sorrindo, se divirta!
Pois foi o que eu fiz, levantei os braços, abri um largo sorriso, penha-lapa, e soltei ou tentei soltar o som do meu instrumento. Ahhhh, tinha acabado a luz, não precisei acompanhar o Maestro no piano e nem pelo play back!!! Fiz `a Capela!
E me senti muito bem, apesar de não ter exatamente saido bem, mas consegui quebrar uma barreira grande dentro de mim, consegui escutar o real som da minha voz. Por mais desafinada ou sem ritmo..., minha voz!
De novo voltei para casa satisfeita com minha "coragem"!!

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